quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Fragmentos: Lyrics








Eles tinham se encontrado da pior maneira possivel. Calor arrasador, tristeza palpável. O choro mais urgente se ouvia em uma e outra parte da igreja, a morte do amigo comum tinha sido repentina e fria.

Todos estavam inconformados com a crueldade que tudo tinha transcorrido. As discussoes sobre a violencia urbana, porte de arma, vingança, incompetência pública animavam algumas rodas. Todos tinham as respostas. Todos poderiam ter evitado aquilo. Pelo menos teoricamente.

Raquel sabia da possibilidade de encontrá-lo, e seu estomago se contorcia. Não da maneira prazerosa de antes. Antes de tudo acabar. Mas havia a torcida que ele estivesse fora da cidade, e os rumores fossem verdade. Casado, longe dali.

Sentiu um aperto na mão, sua prima querendo lhe tirar da estratosfera. Lilian estava ali para aquilo certo? Apoio moral e não deixá-la passar vergonha. Sentiu os olhos verdes tão familiares que queriam lhe transmitir toda a segurança possível. Acenou com a cabeça, ela estava bem. Estava bem. Continue repetindo.

Tanta coisa na sua cabeça, tanta inconformação de como o mundo seguia. Alguém que tivesse clemência e parasse esta porra porque ela não aguentava mais. Aquela sensação de impotência. E era ainda maior pelo temor de encontrá-lo. Seu irresistível sorriso, seus braços tatuados, seu cabelo rebelde, o bronzeado que lhe cobria toda a pele. O gosto de sal.

Deixou o ramalhete de margaridas no peito do amigo. Pálido. Rígido. Ausente. Afastou aquela dor ao lembrar-se de como o tinha conhecido, como tinham passado tantas coisas juntos. Todos os mochiloes, todas as aventuras. Cada foto tirada juntos. Felipe sempre lhe arrancava gargalhadas. Sempre. E agora... Não mais. Lágrimas.

Quem iria lhe fazer os melhores mojitos, deixar-lhe uma sacola de livros toda a sexta, chamar-lhe de “chica”, e ter discussões incansáveis sobre a falta de sentido nos partidos políticos e o último filme de Anne Hathaway na mesma festa? Ela nem lhe devolvera seu Jean Hatzfeld. Como ela devolveria agora? Não conseguiu evitar o som vindo da sua garganta. Não mais.

Passou a mão sobre o rosto do amigo saiu antes de perturbar a família com o seu pesar e sentiu uma mão no seu ombro. Não precisou virar, conhecia aquele toque.

Ali estava Gustavo com uma face apreensiva, sem saber o que dizer e nem como agir com ela. E ela sabia? Era o mesmo, e não era. A única coisa certa era que eles não eram.

- Eu não...
- Nem eu...

O que seja que eles quisessem dizer.

A mão dele ainda repousava no seu pulso, num contato incomodo que ela cortou disfarçando que arrumava o cabelo. Sua prima olhou feio para a cena e trocaram mensagens daquelas telepáticas; não, ela não precisava interferir e arrancar os órgãos internos dele. Estava sob controle, ou pelo menos ela dizia isso a si mesma.

Via como ele observava seus cabelos, estavam mais escuros e compridos desde a última vez que se viram, Raquel sabia como ele gostava de tocá-los, viu nos olhos dele que isso não mudara. Nem a maneira como ele reconhecia cada curva do corpo dela. E com certeza, tentava fazê-lo com prudência, mas a moça reconhecia o desejo dele. Como se ele quisesse mais uma vez lamber a pele de chocolate dela. Era como tentar não olhar um acidente na rodovia. Impossível.

Pensou que ouviu que o rapaz lhe contava sobre seu novo trabalho, e a cidade onde vivia agora, mas ficou pensando porque tinham que travar aquela conversa trivial. Queria saber algo dele? Ela não tinha cortado os laços, proibido os amigos de lhe mencionarem, os lugares em comum, sumido com as besteiras que lhe lembravam dele... Como se ele nunca tivesse passado em sua vida. Ela não queria saber. Era dele a curiosidade.

Por que ele falava dos filmes que tinham combinado ver juntos? Ou dos lugares que tinham visitado juntos? Ou de suas piadas intimas?  E aquilo progredia sobre o brilho dourado repousado sobre o dedo anular dele. Era verdade. Mas não mencionara nada, nem ela.

As lágrimas vertidas podiam ser confundidas por aquelas ao amigo que jazia a poucos metros. Não eram apenas de tristeza, eram de raiva também.

Com aquele pensamento na cabeça nem percebeu quando ele lhe perguntou sobre sua vida, soubera que ela fora para a França, conseguira a bolsa e terminara seu mestrado como planejado...  E ela fez de conta que tudo ia bem, que estava animadissima, que tinha vivido coisas inacreditaveis, que sua vida era uma tremenda aventura. E de repente  parou e pensou que não era um conto, era verdade, sentia-se bem. E isso foi algo tão insultante, ela não sabia para quem, mas era. Era feliz sem a sombra ele, e por mais que quisesse que aquela aliança fosse a mesma que tinham escolhido uma vez, ela era mais feliz sem ele.

Mas algo amargo vinha com aquela realização. Ele ainda ecoava no seu coração, não como antes, de outra forma, algo diferente. Não sabia definir.

Pelo menos, ela tinha escolhido aquele vestido lilás, algo de confiança surgia nela. Ela estava bem. Tinha sobrevivido,não ia encontrá-la numa síndrome pós-guerra. Pior que encontrar um ex-, num funeral, era encontrá-lo no fundo do poço. Sim, o esmalte nas unhas ao menos sinalizava amor próprio.

Sentiu os dedos dele que lhe limpavam o rosto, e um sorriso... O mesmo que muitas vezes tinha lhe roubado as forças dos joelhos... Os olhos azuis marotos que lhe observavam com doçura como da primeira vez que dançaram juntos.

Agradeceu pelos óculos escuros que lhe escondiam. Se não, teria visto a surpresa/temor/saudade que aquele gesto lhe despertou.

- Não...-falou o mais firme que pode-... Não, Gustavo.
- Por que?...-pensou fingir que não era nada-...E você nunca me chamou de Gustavo...
- Porque aqui não é o lugar para eu perder a minha paciência com você... E Gustavo é teu nome... –procurou se afastar-... Você está fazendo de novo...
- Você vai começar de novo... –ele a seguiu.
- Sim... Todas as vezes que você fizer... Sim... –e aquele dia tinha que ser quente assim ainda?
- Você falou que podíamos ser amigos, meu anjo...
- Amigos...-e tentou não pensar nele a chamando de anjo-... Você não sabe o que isso significa. Você tem uma aliança no dedo, ela está aqui? –uma sombra de arvore qualquer os saudava.
- Sim. –falou sem emoções ao certo.
- Ainda pior. –falou com todas as emoções erradas.
- Não é assim.. –ele secou o suor da testa.
- É bem assim... Ja estive no lugar dela.
- Você nunca esteve no lugar dela. Você...
- Eu sei... –disse com o significado que entendera-...Mas fui tua noiva, e você não soube o que isso significava... Você quis o fim. Então...-prendeu o cabelo desajeitadamente.
- Não era disso que dizia...
- Era o que?
- Nada.. Não importa.. –ela nunca entenderia.
- ...Então.. me deixe em paz.. –controlou-se para não levantar a voz.
- Eu não fiz isso? –buscou alguma ajuda ali, não sabia o que fazer perto dela.
- Não... –falou irritada.
- Não? –tinha raiva na voz.
- Não quando a todo o momento você tem que relembrar da gente. Coisas nossas... Você não quer deixar o pó cobrir o passado... E já não existe futuro para a gente. Pare.
- Não se pode ignorar que nós tivemos um passado... Isso é totalmente sem sentido...
- Como deve ser com qualquer passado assim... Não há como fazer diferente, ele está enterrado...
- Você está vendo coisas onde não ha nada. Apenas queria te tratar bem.Você é alguém especial para mim.
- Ou você não percebe o que está fazendo... Ou você é um puto filho-da-mãe!
- Mas se você se sente assim... É melhor... –ele falou furioso agora.
- É.. é melhor. –ela travou o maxilar numa luta interna.

Um olhar. Quanto tempo? Séculos? Sim, um olhar que durou mais que se pode prender a respiraçao por. E tudo aquilo que podia ser, tudo que não aconteceu porque faltou tudo que não podia faltar.

E então, nada. A morena viu as costas dele que se distanciavam. Sentiu os joelhos falharem. Não como antes. Antes de tudo aquilo ter se quebrado em zilhoes de pedacinhos. Quantas vezes alguém pode torcer tua alma? Quantas vezes alguém pode pedir perdão pela mesma coisa?

Chega um ponto num relacionamento que você está sempre sozinha montando aqueles zilhoes de pedaços, que você tem que decidir se quer isso para sua vida. Fechar os olhos ou usar as pernas. Raquel tinha usado a boca para mandar Gustavo para o inferno, e saiu do apartamento deles usando seu par de saltos preferido.


Fazia algumas horas que nem lembrava mais daquele encontro. Ou ao menos tentara. Até seu IPhone sinalizar.


“There are places I will remember all my life…”


Dele.

Puto trabalho que ele deve ter passado para achar o numero novo dela. Ainda mais com a mulher a tira colo.  

Mais uma memoria. Como se ela não soubesse aquela musica de cor. Ou ele.

Uma dor. Uma dor bem lacerante. Sabia muito bem como aquela musica significava, como acabava. Que porra ele queria?!! Não queria nada, mas também não queria deixá-la seguir.

Filhos da puta de todos os homens que precisam desta pseudo segurança. Não sabe o que querem. Querem tudo. E te sujeitam a isso. Merda. Querem você ali, em coleira curta para qualquer coisa. Um bote salva-vidas!

Ela sorriu.


“yeah it makes me smile, yeah it makes me smile”


E enviou sem segundos pensamentos.

Vamos brincar também com a cabeça dos outros, ela pensou. Gustavo nunca tinha gostado de pop mesmo, a eclética da relação sempre tinha sido ela. Em todos os quesitos. Sempre flexível, sempre comportando todos os gostos, taras e desmandos dele.

Gostaria de ver a cara dele quando juntasse as peças, e achasse aquela musica. Mas... Isso pode demorar.


“Beatles acabaram há algumas décadas. Sugiro Lily Allen.”


E orriu, pegou o copo de cerveja gelada e levou aos lábios podendo ouvir o ritmo da música na sua cabeça.

Voltou à atenção para a conversa na mesa com os amigos e olhou tudo a sua volta e sorriu. Lilian contava uma história de como Felipe tinha lhe salvado de um cara numa festa de carnaval, havia uma tristeza permanente no rosto de todos, mas uma risada surgiu de cada um com o final. Ele tinha sido o melhor em arrancar gargalhadas. E eles iam sentir tanto sua falta.

A prima passou o braço sobre seus ombros.

- Era ele, não? –sussurrou e Quel concordou- ...Idiota.

As duas trocaram um olhar de comparsas e riram, balançando as cabeças em uníssono.

Não era um faz de conta. Ela era feliz sem ele. Não lhe permitia roubar sua vida de novo.

Ela olhou para o horizonte.

E isso era bom. Muito bom. 





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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Phones on: Just the way you are por Bruno Mars






Eu tinha meus problemas com o Mars, porem depois de ir no show dele com a Gio que é super fan, e ela gostar da Florence em troca, tenho que capitular que o moço tem seu grande talento. A energia que ele tem no palco me lembrou tanto do Michael Jackson, e eu nem sabia escrever meu nome e MJ era o Rei para mim. E esta musica em especial é tao cativante e o video é lindo, e me lembra de outro video que vi com esta musica e ficou perfeito. Entao, sim, me faz sorrir. 





Oh, her eyes, her eyes
Make the stars look like they're not shining
Her hair, her hair,
Falls perfectly without her trying
She's so beautiful,
And I tell her everyday

Yea, I know, I know,
When I compliment her she won't believe me
And it's so, it's so
Sad to think that she don't see what I see
But every time she asks me, do I look okay,
I say

When I see your face,
There is not a thing that I would change
Cause you're amazing,
Just the way you are

And when you smile,
The whole world stops and stares for awhile
Cause girl you're amazing,
Just the way you are, hey

Her lips, her lips
I could kiss them all day if she'd let me
Her laugh, her laugh
She hates but I think it's so sexy
She's so beautiful, a
Nd I tell her everyday

Oh, you know, you know,
You know i'd never ask you to change
If perfect's what you're searching for
Then just stay the same
So don't even bother asking if you look okay,
You know i'll say

When i see your face,
There is not a thing that I would change
Cause you're amazing,
Just the way you are

And when you smile,
The whole world stops and stares for awhile
Cause girl you're amazing,
Just the way you are

The way you are?
The way you are?
Girl you're amazing,
Just the way you are

When I see your face
There's not a thing I would change
Cause you're amazing
Just the way you are

And when you smile,
The whole world stops and stares for awhile
'Cause girl you're amazing,
Just the way you are, yea




quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Brincando com as letras: Reflexões de um aniversário







Cumpro mais um ano, mais um no planeta azul. Penso no que foi, no que é...
Numa época simples, os conceitos eram simples.
Famílias eram simples, simples de se explicar...
E a coisa foi se complicando, se multiplicando, se agregando...

Família é muito mais que a presença física;
É conhecer a cada dia, sentir falta daqueles que ainda nem se conhece,
Todo o dia refazer esta escolha de ficar junto e se querer.

E quando se acredita saber tudo, mais uma volta no planeta azul te mostra o contrário.
Há tanto neste caminho, e cada caminho que se cruza te modifica sem volta.
E você não é a mais a mesma de um ano traz.

E teus paradigmas e conclusões e manuais são inúteis, não dizem mais a verdade.
Tens que reescrever-te;
Reconsiderar,
Reaprender.

Nascer mais uma vez.


As velas são apagadas.